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Vice-presidente da Aciub participa de reunião na Fiesp que discute desafios e perspectivas para 2024

O vice-presidente da Aciub, Sérgio Tannus participou de um encontro na sede da Fiesp na manhã da última sexta-feira (8/12). Na reunião conjunta do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) e do Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política (Cosenp), o analista político Murillo de Aragão, conselheiro do Cosenp, fez uma avaliação dos cenários políticos, econômico e jurídico/legislativo para 2024.

Em sua apresentação “Ano que vem em Brasília: riscos, consequências e desafios”, Aragão relacionou o que considera riscos para o país. “Vivemos ainda muitas disputas e pode haver um retrocesso na Reforma Trabalhista, na autonomia do Banco Central, e temos que ficar de olho no marco ferroviário”, disse Aragão.

“Pontuo essa atenção com a legislação trabalhista, porque há uma certa insubordinação da Justiça do Trabalho. Vivemos uma guerra com relação à manutenção dos avanços das reformas”, acredita. “Corremos o risco de ter populismo fiscal. Temos juros altos e aumento de gastos. Isso desemboca, efetivamente, no risco do aumento da carga tributária”.

Em sua avaliação, a queda dos investimentos estrangeiros revela uma certa incerteza em relação ao país. “O Custo Brasil continua sendo um impeditivo. Temos risco médio-baixo de inflação e ainda um risco-médio para eventos climáticos extremos, o que já começamos a sentir este ano. Vivemos uma situação de desequilíbrio, e devemos pensar no que pode piorar nesse tema e o que pode ser feito”, pontuou.

A questão geopolítica foi outro ponto de atenção destacado no encontro. Com a invasão da Ucrânia e a guerra em Gaza, surge uma nova possibilidade de conflito e, dessa vez, bem perto. “Uma agressão venezuelana à Guiana pode gerar retaliação vinda de fora. É uma situação inusitada para nós, lembra o que vivemos com a invasão das Malvinas. É um tema que devemos nos preocupar porque pode determinar o engajamento do Brasil em uma negociação difícil”, avaliou.

Ainda de acordo com Aragão, dentre os muitos temas que devem ser observados com cautela e classificados como de riscos altos por ele, estão as eleições municipais, a sucessão no Banco Central e ainda as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, no Congresso Nacional.

“O intervencionismo burocrático é um risco grande”, acredita. Segundo Aragão, o governo termina este ano fortalecido, com a queda do desemprego, crescimento econômico na casa dos 3% e câmbio estável. “A sensação térmica é muito boa e é isso que importa para as pessoas. O presidente Lula é uma figura com muita sorte. Ele tem uma popularidade positiva, índices bons e o governo pode começar a ter ideias e surtos pontuais de intervencionismo”, explicou. “Isso gera a potencialidade de iniciativas individuais. O maior interesse do Lula hoje é a agenda internacional, e a inserção do Brasil no exterior”.

Os problemas na segurança pública, ainda que não sejam uma responsabilidade direta do governo federal, têm o potencial de arranhar a imagem do governo, com um efeito negativo na população, gerando dificuldades política para o Executivo, na visão de Aragão. Há ainda alguns riscos de governabilidade, incluindo os riscos internos, com disputas no próprio universo petista.

“A coordenação política não é considerada a melhor, os deputados reclamam muito que não são atendidos pelos ministros e existem focos de insatisfação sérios nos ministérios da Saúde e de Educação”, detalhou. “Se a inflação subir, diminui a governabilidade, porque vamos ter uma perda na popularidade. O desafio aqui é conciliar as políticas fiscal e monetária”, completou.

Ao fim de sua apresentação, Aragão fez suas previsões para 2024. “Temos uma pluralidade de interesses maior que no início do século. Hoje temos grupos fortes, tanto que o governo Bolsonaro foi o que teve o maior número de vetos derrotados. Não vamos avançar muito, mas não vamos retroceder e perder o já conquistado”, analisou.

“Resumindo, os desafios do governo Lula são ter um software antigo de governabilidade, um marco institucional novo, um governo que ainda está desorganizado, com conflitos internos entre ministros relevantes. Temos aliados no Congresso insatisfeitos, algumas incertezas no campo fiscal e, claro, um dos desafios será manter a popularidade positiva”, concluiu.

Via: Renata Victal, Agência Indusnet Fiesp

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