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Agronegócio: diferenças nas previsões da safra e mudanças climáticas são discutidas na Fiesp com participação da Aciub

O presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp, Jacyr Costa, com o vice-presidente da Aciub e conselheiro do Cosag, Sérgio Tannús

Com objetivo de debater as previsões para a nova safra (2024/2025) e os efeitos das mudanças climáticas no agronegócio brasileiro, o Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp, presidido por Jacyr Costa, convidou o coordenador da FGV Agro, Guilherme Bastos, e o pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Jean Pierre Ometto. O vice-presidente da Aciub e conselheiro do Cosag, Sérgio Tannús, participou da reunião, em São Paulo, e na ocasião também teve a oportunidade de trocar ideias com o presidente Jacyr Costa.

A reunião teve Guilherme Bastos fazendo a primeira apresentação, quando destacou que o ponto de partida para uma lavoura rentável é o planejamento, de forma que este processo precisa ser bem estruturado e embasado em dados. Porém, o fato de existirem estimativas oficiais diferentes calculadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é preocupante, no entendimento dele. “São diferentes metodologias, a gente tem dois números oficiais que são divulgados no mesmo dia, no mesmo horário. E quando a gente olha por produto há diferenças consideráveis”, afirmou Bastos.

Ele citou como exemplo a safra total de grãos de 2023 estimada pelo IBGE em 315,4 milhões de toneladas e pela Conab em 319,8 toneladas, uma diferença de 4,4 milhões de toneladas. Para este ano a diferença é menor, de 2 milhões de toneladas — IBGE com 296,4 milhões de toneladas e Conab com 298,4 milhões de toneladas.

De acordo com Bastos, para a coleta de dados, a Conab faz uma combinação de pesquisas diretas com produtores, sensoriamento remoto, uso dos pacotes tecnológicos, intenção de plantio, médias históricas, rede de informantes e acompanhamento agrometeorológico. Para processar esses dados, a empresa aplica métodos estatísticos ao consolidar as informações de modo a garantir a confiabilidade e a consistência dos dados.

Já o IBGE se baseia na coleta de dados com pesquisa subjetiva, método aplicado desde 1972. Os dados são coletados em reuniões mensais com técnicos do Instituto e de outros órgãos que atuam na área, produtores, colaboradores e representantes técnicos de entidades públicas e privadas. Incluem também informações sobre área de plantio e colheita, rendimento e produção, tendo como unidade de investigação o município.

Na opinião de Guilherme Bastos, é necessário integrar novas tecnologias para melhorar a precisão dos dados, tais como: uso de imagens satélite e sensoriamento remoto para mensurar área; progresso e condições das lavouras; sistemas integrados com informações tecnológicas, que melhoram as estimativas de produtividade; colaboração entre agências e entidades para combinar informações; recursos e conhecimentos de diferentes fontes; e técnicas avançadas de análises de dados. “Esses são pontos extremamente importantes, pois ajudam a qualificar as nossas estatísticas”, afirmou Bastos, para quem a existência de números distintos em diferentes órgãos governamentais gera incerteza para o mercado e insegurança para o investidor. Ele ainda destacou que “Faltam bases de dados unificadas e adequadas para permitir uma melhor formulação e avaliação de políticas públicas. Tudo isso dificulta a comunicação. A transparência das informações é necessária, traz benefícios para o setor como um todo”, finalizou Bastos.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O outro tema da reunião foi o efeito das mudanças climáticas no agronegócio brasileiro. Dados da Confederação Nacional dos Municípios CNM), apresentados por Jean Pierre Ometto, pesquisador Sênior do INPE, ilustram a situação

Entre 2013 e 2022, o Brasil perdeu R$ 216,6 bilhões da sua produção agrícola e pecuária. A seca causou 86% dessas perdas. As chuvas causaram perdas de R$ 30,3 bilhões. Na pecuária, as perdas foram de R$ 70,4 bilhões e a seca foi responsável por 92% desse impacto.

Ometto apontou que as temperaturas máximas em algumas áreas estão até 3 graus mais quentes. Regiões do Nordeste e Centro-Oeste, segundo ele, chegam a ficar até cem dias sem chuva. A temperatura está diretamente relacionada ao conforto animal e à qualidade e produção da planta. O desequilíbrio pode provocar surtos de pragas e doenças.

Para Ometto, o agro precisa identificar as vulnerabilidades do setor para encontrar caminhos para enfrentar as oscilações do clima. “Nós temos que trazer as mudanças climáticas para o centro do planejamento. Seja o planejamento da safra, da estratégia de produção, do manejo cultural ou da produção animal”, diz ele.

Ao finalizar a reunião, o presidente do Cosag, Jacyr Costa, afirmou que o setor não está parado, mas reconheceu que é preciso fazer mais. “A mudança climática é uma realidade e a gente precisa avançar ainda mais. Precisamos criar mecanismos para incentivar o uso da irrigação e facilitar a outorga de água, para que o agricultor possa minimizar os efeitos das mudanças no clima”, arrematou Costa.

O vice-presidente da Aciub, Sérgio Tannús, destacou a importância da participação nestes encontros do Cosag. “É uma satisfação representar a Aciub, como Conselheiro aqui no Cosag. Cada reunião que fazemos nos permite discutir temas importantes, atualizar informações, e contribuir com o fomento das “, afirmou Tannús.

Texto adequado da matéria de Lúcia Rodrigues, da FIESP.

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