Pesquisa encomendada pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais (Federaminas) sobre a situação financeira das micro e pequenas empresa do Estado com a crise provocada pela pandemia de Covid-19 estima que mais de 50% desses negócios devem fechar e o número de desempregados pode a chegar a mais de 3,6 milhões, se o Estado não flexibilizar medidas até 15 de abril.
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Segundo o presidente da Federaminas, Valmir Rodrigues, a pesquisa tem o objetivo de municiar o Governo com informações atualizadas sobre a real situação financeira das empresas mineiras a fim de auxiliá-lo na tomada de decisões estratégicas para retomada do crescimento econômico de Minas Gerais. Segundo ele, o estudo realizado entre os dias 27 e 30 de março, respondido por 1.066 empresários, apontou que o Governo precisa, além de flexibilizar com urgência a reabertura do comércio, investir no setor.
Também de acordo com a pesquisa, 21,6% das empresas de micro e pequeno porte do Estado não conseguem ficar fechadas por mais cinco dias, gerando um potencial de desemprego da ordem de 1.101.500 pessoas, ou seja, dobrando o número de desempregados que Minas tinha no final do ano de 2019.
O prognóstico piora se o tempo de quarentena se estender até 15 de abril. Nesse caso, a pesquisa mostra que mais de 34,2% das empresas devem encerrar suas atividades, com um potencial de mais 2.520.198 pessoas desempregadas, número esse que, se somado ao desemprego daquelas empresas que fecharam nos primeiros cinco dias da quarentena, chega a 55,8% das empresas fechadas e mais de três milhões de mineiros desempregados.
Segundo Rodrigues, as medidas adotadas pelos governos federal e estadual para o socorro da economia até agora são insuficientes. “As medidas até o momento ajudam, mas são muito tímidas, elas precisam ser mais abrangentes. O governo precisa entender que o assunto é sério para as empresas. O governo precisa encontrar um caminho de injetar recursos e dinheiro no mercado através do BNDES ou outros bancos a juros subsidiados e com carência, e buscar outras alternativas”, avalia.
Exemplos. Com o fechamento compulsório dos comércios pelo Governo, as empresas já estão sentindo a crise. Em Manhumirim, o empresário José Lucas que administra um hotel e uma loja de roupas com 12 funcionários conta sobre as dificuldades. “Na nossa cidade tivemos, há pouco mais de dois meses, uma enchente que atingiu 90% dos nossos comércios em geral e isso já nos desestabilizou muito. Por ser uma cidade pequena ninguém se reergueu ainda, e agora com o surgimento dessa pandemia causando medidas protetivas imediatas como o fechamento por tempo indeterminado de nossas portas está nos causando um grande desespero de como honrar com o pagamento de nossos colaboradores e fornecedores. Estamos tentando lidar com isso na base da conversa e compreensão, pois é um momento difícil para todos os lados, e esperamos que nós possamos reabrir o mais breve para que não ocorra o fechamento de nenhum comércio”, afirma.
Materia do Jornal O Tempo