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Fundadores da Embrapa são homenageados na Fiesp com presença do vice-presidente da Aciub

O Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp realizou na manhã desta segunda-feira (5/5) uma homenagem aos três fundadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa): o professor e pesquisador José Pastore, o ex-presidente da empresa Eliseu Alves e o ex-ministro da Agricultura, Cirne Lima, que contou com a presença do vice-presidente da Aciub e Conselheiro do Cosag, Sérgio Tannus.

Para o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, a Embrapa simboliza uma política pública que deu certo. “O agro é um exemplo de dedicação de todos que compõem este importante setor. Hoje, a indústria de alimentos no Brasil é uma das maiores do mundo e muito desse resultado é fruto do trabalho da Embrapa”, afirmou.

A atual presidente da empresa, Silvia Maria Fonseca Massruhá, também participou do evento. Funcionária de carreira, ela contou a história da fundação da Embrapa e relembrou que, no início dos anos 1970, o Brasil era um grande importador de alimentos.

Em 1973, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu acima de 14%, mas o campo não acompanhou o “milagre econômico” brasileiro. Com características próprias de solo e clima, conta, o país precisava adaptar tecnologia externa para aproveitá-la.

“Havia o desafio de adaptar as tecnologias para nosso tipo de clima e solo e hoje viramos referência em agricultura tropical. Nossos três homenageados tiveram papel fundamental. De 1974 para 2024, o Brasil expandiu a área plantada em 170% e cresceu mais de oito vezes”, pontuou Silvia.

Hoje, reforçou a presidente, graças aos investimentos e muitas pesquisas realizadas, a realidade do campo mostra que o Brasil é o país produtor que mais consome produtos biológicos, e que adota o plantio direto. Com 43 unidades de pesquisa, 14 unidades centrais e 2.100 pesquisadores, a Embrapa tem se empenhado em desbravar novas fronteiras agrícolas com o uso da tecnologia.

Nos últimos dois anos, a instituição tem trabalhado com cinco pilares: revolução sustentável; transição nutricional e saúde; transição energética e mudanças climáticas; inclusão socioprodutiva rural e digital no campo; e vanguarda científica e tecnológica. “Estamos fazendo uma agricultura sustentável, multifuncional, preditiva e regenerativa”, explicou Silvia.

Primeira mulher a presidir a Embrapa, ela desenvolve estudos relacionados à Inteligência Artificial na agricultura há mais de 20 anos e tem tido a oportunidade de fazer a Embrapa implantar a IA na Agricultura.

Com a ajuda desta tecnologia, o agricultor pode, por exemplo, monitorar plantações e varrer milhões de imagens em busca de elementos de interesse, como plantas, frutos, sintomas de doenças, pragas ou mesmo falhas de plantio.

Ela explicou ainda o que é o Semear Digital, projeto que tem como objetivo superar as desigualdades no campo a partir de pesquisa, desenvolvimento, inovação (PD&I) em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) visando ampliar a produção e produtividade dos pequenos e médios produtores.

“Dentre as certezas que nos guiam está a de que o futuro da agricultura é a sustentabilidade e a multifuncionalidade, sendo necessário investimentos em pesquisa e inovação, políticas públicas e tecnologias emergentes”, pontuou antes de encerrar com uma das frases de um dos homenageados: “Como disse uma vez Eliseu Alves, cérebros, e não tratores, são o símbolo da agricultura brasileira”, contou.

Um dos homenageados, Cirne Lima relembrou as muitas reuniões que antecederam a criação da Embrapa e que a empresa já nasceu com a tarefa de formar pesquisadores. Gaúcho orgulhoso do caminho percorrido e dos muitos avanços e protagonismo do agro, Lima quis dividir a homenagem com um público especial:

“Compartilho a homenagem com o agricultor brasileiro, especialmente os originários dos estados do Sul. Agricultores que abandonaram tudo e foram para o Norte e Nordeste em busca de terras para cultivar e que, muitas vezes, dormiram em barracas de lona para colher as primeiras produções. Hoje, são grandes empresários, e devemos a eles o fato de sermos grandes alimentadores”, agradeceu.

Por vídeo e em nome do marido, Eloisa Moreira Alves, agradeceu a homenagem. Ao lado de Eliseu Alves, ela revelou que o maior segredo da Embrapa e mérito de seu marido foi ter deixado a política de fora e mantido um corpo técnico e qualificado em uma empresa pública.

“O Eliseu sempre deu más respostas aos políticos e não permitia a interferência do Estado com políticas e votos dentro da Embrapa”, frisou Eloisa.

Emocionado, o professor José Pastore agradeceu o reconhecimento e reforçou o depoimento de Eloisa. Segundo ele, a esposa de Eliseu trouxe a público um dos princípios básicos da Embrapa: a isonomia.

“Recebemos a incumbência de criar um mecanismo que pudesse alavancar a pesquisa agrícola no Brasil. Isso ocorreu e é motivo de grande orgulho”, destacou Pastore, ao lembrar a reunião que estabeleceu os princípios básicos para assegurar o sucesso da empreitada.

“O primeiro deles era que a instituição tinha que admitir pessoas por meritocracia, competência. O segundo princípio era que a instituição deveria ter base administrativa pequena e renovável para que não se transformasse em um grande cabide de emprego. E o terceiro princípio dizia que a instituição teria que ter interface muito íntima com o setor privado, não podia ser uma repartição pública isolada, longe da economia real”, explicou Pastore.

Antes de concluir, o professor reforçou que a Embrapa foi responsável por ter criado um grande corpo de pesquisadores e dedicou a eles, a homenagem: “a Embrapa deu certo porque trouxemos uma grande massa de conhecimento técnico. Aos milhares de pesquisadores da Embrapa que permitiram a transformação da agricultura brasileira, dedico esta homenagem. Aos que lá estão e aos que já se aposentaram”, finalizou.

Via:  Renata Victal / Adaptado

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