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Aciub participa de debate na Fiesp, sobre investimento estrangeiro no Brasil

A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Os países somaram US$ 157,5 bilhões em 2023 em trocas comerciais, representando 27,1% do comércio externo brasileiro. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp

A China e o Brasil são economias emergentes com interesses comuns. Nos últimos anos, a cooperação econômica comercial entre eles tem se desenvolvido rapidamente e de modo frutífero. Essa é a avaliação do conselheiro comercial do consulado-geral da China em São Paulo, Bai Chunhui. “A China tem sido uma fonte significativa de investimentos para o Brasil em setores com petróleo e gás, energia elétrica, infraestrutura, telecomunicações e agronegócio”, disse ele em reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp, realizada na segunda-feira (9/9), e conduzida por seu presidente, Jacyr Costa. O vice-presidente da Aciub e Conselheiro do Cosag, Sérgio Tannus, participou da reunião, em São Paulo.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Os países somaram US$ 157,5 bilhões em 2023 em trocas comerciais, representando 27,1% do comércio externo brasileiro. E o superávit brasileiro nesta relação bilateral, de US$ 51,1 bilhões, foi o equivalente a 51,7% do superávit total do país no ano passado.

Em 2023, o governo brasileiro assinou com o país asiático acordos em áreas como energias renováveis, indústria automotiva, agricultura inteligente e de baixo carbono, tecnologia da informação, saúde e infraestrutura aeroespacial.

Agronegócio – Em relação ao agronegócio, o comércio vem crescendo desde o ano 2000. Naquele ano, as exportações alcançaram US$ 20,5 bilhões, sendo que apenas US$ 560 milhões para a China (2,7% do total). E, em 2023, as exportações do agronegócio ultrapassaram a marca de US$ 166 bilhões, dos quais US$ 60,2 bilhões para a China, ou seja, 36% do total de exportações do setor.

Os produtos agrícolas mais exportados para a China, em 2023, foram a soja (73%) carne bovina (60%), algodão (49%) e celulose (48%). Mas o parceiro asiático quer mais. “Precisamos aumentar o volume da produção agrícola do Brasil e enriquecer a diversidade de produtos exportados. Queremos estabelecer uma parceria agrícola mais madura, que envolva instituições de pesquisa e ciência. Queremos ir além do comércio”, afirmou Chunhui. Ele destacou a importância do Brasil e que sua relação com a China é de interdependência complementar benéfica para ambos. “Somos parceiros naturais estratégicos do Brasil”, completou.

De fato, os chineses têm investido pesadamente no Brasil. Estima-se que a construção de novo terminal de grãos no porto de Santos terá o aporte de R$ 2,5 bilhões. Uma das empresas que deverá continuar investindo no país é a Cofco Intl.

De acordo com Marcelo de Andrade, chefe-global de ativos da companhia estatal chinesa, que atua no ramo de processamento de alimentos, a ideia é crescer ainda mais. “O Brasil é nosso maior foco estratégico, para onde os investimentos devem continuar chegando”, disse.

EUA estão no jogo – Já para Abrão Neto, executivo da Amcham Brasil, maior câmara americana de comércio fora dos Estados Unidos, que reúne cerca de 3.500 empresas, é importante lembrar que os EUA continuam sendo um parceiro comercial relevante. “É o segundo maior parceiro comercial do Brasil, em bens, embora a participação no comércio bilateral no agronegócio seja baixa”, lembrou.

“Brasil e EUA têm uma relação muito mais de competição do que de cooperação no agronegócio, mas isso abre também a oportunidade de explorar a cooperação comercial, pois a participação dos setores nas importações são baixas em ambos os países”, explicou Neto. “Os EUA são o maior investidor estrangeiro no Brasil, que acumulou US$ 478 bilhões em investimentos externos nos últimos 10 anos, sendo os norte-americanos responsáveis por US$ 92,1 bilhões, ou seja, 19,3% de participação média”, contabilizou.

Entre as 10 maiores empresas ligadas ao agronegócio que operam no Brasil, sete são dos EUA e realizam investimentos robustos por aqui, de acordo com o executivo da Amcham. “Ainda existem oportunidades em vários setores”, observou.

Entre 2015 e 2022, o Brasil foi a economia emergente que mais atraiu investimentos estrangeiros em energias renováveis no mundo. “Isso mostra a força do país neste setor, à frente de todos os concorrentes”, afirmou.

No caso dos fertilizantes, os investimentos externos são extremamente necessários para reduzir a dependência internacional, uma vez que cerca de 80% do consumo brasileiro é importado, representando 8% do consumo mundial de fertilizantes. Uma fatia desses recursos, de acordo com Neto, pode vir dos EUA. “Quando olhamos os últimos 10 anos, os EUA investiram US$ 9,5 bilhões no Brasil, em setores associados ao agronegócio”, disse.

Descarbonização – Desde 1997, segundo o diretor de Relações Governamentais e Regulamentação Veicular da Toyota do Brasil, Roberto Braun, as inovações produzidas pela empresa reduziram 160 milhões de toneladas de gás carbônico, ou 1,5 milhão de veículos convencionais a cada ano.

“Estamos totalmente empenhados em alcançar a neutralidade de carbono, mas os nossos inimigos são a emissão de carbono, não os motores de combustão interna”, disse o diretor da empresa, que já vendeu mais de 20 milhões de carros eletrificados desde 1997, sendo mais 19 milhões híbridos.

“Nossa estratégia para combater o aquecimento global é a diversidade de tecnologias, com múltiplos caminhos, e o caminho para a neutralidade de carbono passa pelo uso de novas tecnologias e combustíveis neutros, de acordo com cada contexto e as necessidades dos clientes”, disse.

Em sua avaliação, a tecnologia híbrida flex é a melhor para o Brasil, por ser mais acessível, sustentável e prática para o consumidor. “O Brasil tem uma matriz energética muito limpa. Por isso, o carro híbrido no Brasil já é mais eficiente e menos poluentes do que o carro elétrico do modelo europeu”, comparou.

Nos próximos anos, informou Braun, a montadora japonesa deverá investir R$ 11 bilhões para reduzir a emissão de carbono, com a previsão de lançamento de dois novos veículos híbrido flex. A estimativa é de que o investimento seja realizado pela empresa até 2030, sendo que no mesmo período o setor automotivo deverá investir R$ 130 bilhões.

Com tantos investimentos previstos, unir esforços com os países vizinhos é algo a ser buscado, de acordo com o diretor titular do Departamento de Agronegócio (Deagro) da Fiesp, Roberto Betancourt.

“Proponho que o Brasil se una aos demais países da América Latina para defender os biocombustíveis. A Europa não é favorável, mas sabemos que é uma alternativa que oferece uma solução imediata e prática para a descarbonização”, finalizou.

O vice-presidente da Aciub, Sérgio Tannus, com o Executive Advisor, AG Consultant M&A, André Franco, com quem falou sobre a importância da região de Uberlândia e Triângulo mineiro no cenário nacional e investimentos estrangeiros.

Matéria de Alex de Souza – Comunicação da Fiesp, com edição local da equipe ACIUB.

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