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Vice-presidente da Aciub participa de reunião sobre a nova geopolítica e os desafios para o Brasil, com o diplomata Rubens Ricupero

Em um cenário global marcado por tensões entre grandes potências, transição energética, reconfiguração das cadeias produtivas e disputas por liderança tecnológica, o Brasil se vê diante de novos dilemas, mas também oportunidades, na arena internacional. Esse foi o cerne da palestra ‘A nova geopolítica e os desafios para o Brasil’, ministrada pelo diplomata Rubens Ricupero, realizada na Fiesp no dia 18 de setembro. O vice-presidente da Aciub, Sérgio Tannus, participou do encontro representando a entidade.

Para Rubens Ricupero, uma das vozes mais respeitadas da diplomacia brasileira, compreender a dinâmica dessa nova geopolítica é essencial para que o país defina estratégias capazes de proteger seus interesses e ampliar sua influência. Ele foi o convidado da reunião conjunta do Conselho Superior de Comércio Exterior (Coscex), sob a presidência de Jackson Schneider, e do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex), ambos da Fiesp.

Ao relembrar a queda do Muro de Berlim, em 1989, Ricupero destacou o evento como símbolo do fim do comunismo e da Guerra Fria, período em que o planeta esteve dividido em dois blocos antagônicos. “A queda do muro não marcou o fim da aspiração por um mundo mais justo, mas o declínio do comunismo que dominou o bloco soviético”, afirmou. 

Ao abordar temas da atualidade, o embaixador chamou atenção para as mudanças ocorridas nos Estados Unidos sob a liderança do presidente Donald Trump que, segundo ele, “implodiu” o sistema multilateral criado no pós-guerra.  

Ricupero ressaltou que os EUA foram protagonistas na fundação das Nações Unidas, na redação da Carta da ONU, na criação de instituições como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, além de patrocinador do Gatt, Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio que foi precursor da atual Organização Mundial do Comércio (OMC). “Essa política que Trump representa hoje é uma negação de todos esses valores, manifestando-se sobretudo no comércio, com a volta ao protecionismo”, avaliou. 

Quanto às tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, Ricupero defendeu que o país busque estratégias estruturadas de aproximação com a China e a Ásia. “Não devemos trocar os Estados Unidos pela China em termos de alinhamento, mas o Brasil precisa explorar de forma mais organizada a complementaridade com a China e com os demais países asiáticos no fornecimento de alimentos e de energia”, sugeriu. 

Segundo ele, isso já acontece na prática com a exportação de soja, milho, carnes, petróleo bruto e minério de ferro, que representam a quase totalidade das vendas brasileiras ao mercado chinês. Mas o diplomata reforçou que o país não deve limitar-se a Pequim: “Temos que investir cada vez mais em relações econômicas, comerciais e tecnológicas com os países asiáticos, não só com a China”, disse, citando Japão, Hong Kong, Coreia do Sul, Singapura, Malásia e Tailândia. 

Encerrando sua exposição, Ricupero alertou para a baixa taxa de investimento do Brasil, atualmente em torno de 17% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo da média latino-americana, de cerca de 20%. “Estamos sem capacidade de investimento público. Se o Brasil pudesse crescer 4% durante trinta anos, seria um sonho”, finalizou. 

Fonte: Fiesp

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