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Vice-presidente da Aciub participa de reunião do Cosag com Michel Temer

O vice-presidente da Aciub, Sérgio Tannus, que representa a entidade no Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) , participou de uma reunião conjunta entre o Conselho e o Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política (Cosenp) da Fiesp. O encontro aconteceu de forma híbrida na segunda-feira (7/11), e teve como pauta o resultado da eleição presidencial. Os presidentes do Cosag, Jacyr Costa, e do Cosenp, Michel Temer, convidaram o cientista político Murillo de Aragão para fazer uma avaliação do cenário pós-eleição.

Em uma das eleições presidenciais mais polarizadas da história, nunca a margem foi tão pequena para se decidir o vencedor. De acordo com Aragão, essa polarização deverá continuar presente na sociedade por algum tempo, seja por meio de manifestações na rua ou no campo digital durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva.

Diante desse cenário, diz ele, as alianças fora do quadro original do PT serão necessárias para a construção de uma coalisão com partidos do centro e independentes. O presidente eleito terá de lidar com um Congresso majoritariamente de centro e centro-direita, um ambiente institucional muito diferente daquele que o presidente Lula vivenciou entre 2003 e 2010. “O Brasil virou um regime praticamente semiparlamentar, especialmente nos últimos anos, com mais poderes para Câmara e Senado, e esse protagonismo não será devolvido ao presidente da República”, pontuou Aragão.

Para ele, a configuração da equipe econômica e do apoio ao presidente dentro do Congresso vão orientar o rumo do governo nos próximos anos. Ele também destacou a relevância das mobilizações populares, antes mais comuns entre eleitores de esquerda, mas que mostraram a força do bloco conservador nos últimos anos. Aragão ressaltou a ampliação da bancada do agronegócio e a influência cada vez maior do mercado financeiro.

“O governo precisa ouvir essas vozes. É importante entender que a sociedade se mobiliza e se expressa tanto econômica quanto politicamente, com efeitos sobre a governabilidade do eleito. Vide o exemplo da Inglaterra, em que um pacote de decisões anacrônicas foi devastador para a primeira-ministra, que resistiu apenas 45 dias no cargo”, lembrou.

Desde o primeiro dia de governo, o presidente eleito terá de superar adversidades. As promessas de campanha, totalizadas, rondam os R$ 200 bilhões, o que implica construir grandes consensos para implementação delas, levando em conta o delicado quadro fiscal.

“Teremos um período de muita incerteza até 1º de janeiro, pois ainda falta definir o modelo de equipe econômica, quem vai assumir a Agricultura e como se dará a reconstrução de diálogo com o setor. Com sua força, o agronegócio será uma garantia de que retrocessos dramáticos não vão ocorrer com relação às Reformas”, disse Aragão.

Para o ex-presidente da República, Michel Temer, mais do que a polarização, o que se observa hoje é o aumento da radicalização e da divisão do país. Entretanto, ao falar sobre a relação do presidente eleito com o agronegócio, prevê tratamento harmonioso e saudável.

“Lula tem capacidade de negociar e nesse terceiro mandato ele não vai realizar grandes mudanças, não vai destruir relações. Ele é suficientemente hábil, tem experiência, e sabe que agronegócio é fundamental para economia brasileira e para o relacionamento com os demais países. Portanto, o diálogo deverá ser produtivo”, acredita Temer. Na sequência, o presidente do Cosag, Jacyr Costa, elogiou o caráter reformista do ex-presidente e afirmou que Temer criou as bases para o desenvolvimento sustentável.

O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues também entende que a relação do governo com o agronegócio será positiva e que ignorar o setor seria um tiro no pé para qualquer governo. “O Brasil tem a capacidade ímpar para contribuir para a segurança alimentar global, e o mundo sabe disso”.

Quando do início do mandato de Lula, em 2003, as exportações do agronegócio eram um pouco menos de US$ 25 bilhões, passando a US$ 76 bilhões em 2010. O setor veio crescendo ao longo dos últimos anos e já superou a marca dos US$ 100 bilhões. “Atualmente o setor tem um papel importantíssimo, muito maior do que foi no passado”, destacou Rodrigues, lembrando que a safra de grãos atual supera 300 milhões de toneladas.

No entendimento do presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), Nilson Leitão, o presidente eleito precisa entender que há expectativa muito grande sobre o comportamento do Brasil, sendo necessário acenar para o mercado internacional.

“Precisamos aumentar em pelo menos 20% a nossa produtividade. Nosso Congresso está muito bem amadurecido e não vai deixar de negociar a pautas que sejam importantes para o país. O maior programa que pode existir é gerar mais emprego e renda, o que acaba beneficiando também o governo com maior arrecadação de tributos. A frente parlamentar agropecuária será imprescindível para o avanço que o Brasil precisa”, concluiu.

Por Alex de Souza da Agência Indusnet Fiesp

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