
Nesta segunda-feira (8), foi realizada a Reunião do Conselho Superior do Agronegócio (COSAG), na sede da Fiesp, em São Paulo. O vice-presidente da Aciub e membro do Conselho, Sérgio Tannus, participou do encontro que discutiu o atual cenário do agronegócio brasileiro e suas relações comerciais internacionais.
O representante do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Augustin, apresentou os resultados do 2° leilão do Eco Invest Brasil que destinou R$ 30,2 bilhões para o Programa Caminho Verde Brasil. “Os recursos do leilão vão custear a primeira fase do programa, em que serão recuperados de 1,4 a 3 milhões de hectares de terras degradadas. Para a continuidade do Caminho Verde Brasil, estamos buscando parcerias internacionais. Uma das possibilidades é a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) com quem estamos em fase final de negociação para trazer mais US$ 1 bilhão para o programa”, destacou o coordenador. No período de 10 anos, o Caminho Verde Brasil pretende restaurar 40 milhões de hectares, em todo o país, para que sejam utilizados em sistemas produtivos sustentáveis.
Na ocasião, também foi anunciado investimentos no Cerrado brasileiro, vai receber R$ 17,2 bilhões e a Mata Atlântica será contemplada com R$ 4 bilhões para restauração de terras degradadas que passarão a ser usadas de forma sustentável.
O presidente do COSAG, Jacyr Costa, destacou a importância da iniciativa. “O Caminho Verde Brasil é muito importante para o agro brasileiro porque vamos transformar terras que hoje agregam pouco valor em terras produtivas, voltadas para agricultura sustentável e que valorizam estas terras. Isso é bom para o Brasil, para o produtor, para a população brasileira que vai ter maior oferta de alimentos e é bom para o mundo, porque promove a segurança alimentar e cuida do meio ambiente. É o agro do futuro”.
Dos R$ 30,2 bilhões, a Amazônia vai receber R$ 3,5 bilhões e a Caatinga, R$3 bilhões. Completando a lista, os biomas Pampa e Pantanal foram contemplados com R$ 1,2 bilhão e R$ 1,1 bilhão, respectivamente. As propostas homologadas indicaram maior interesse em projetos voltados para culturas perenes (33%), como fruticultura e cana-de-açúcar, seguidos por abordagens integradas (29%), como sistemas agroflorestais e integração lavourapecuária-floresta (ILPF). Também há projetos com foco em lavouras anuais ou pecuária de forma isolada (27%), além de atividades de floresta e restauração (11%).
O Agronegócio brasileiro e suas relações comerciais com os Estados Unidos
Especialistas ouvidos nesta segunda-feira pelo Conselho do Agronegócio da Fiesp indicam que impasse com os EUA pode se intensificar. Lideranças brasileiras têm escutado que o mercado de etanol deve ser uma das condicionais para uma reversão nas tarifas de produtos que envolvem o agronegócio. De acordo com o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Rafael Cervone, “mexer no mercado de etanol” deve estar entre os itens da negociação. Essas informações foram apresentadas por Cervone durante a reunião do Cosag. Ele participou da comitiva brasileira que esteve em Washington (EUA) para tratar das tarifas americanas ao Brasil.
Outro participante da reunião foi o professor do Insper Agro Global, Marcos Jank, que analisou o momento conjuntural da geopolítica. Segundo o especialista, o mundo está vivendo uma mudança nos paradigmas comerciais, em que as “regras do jogo” já não funcionam. Além disso, os acordos que o governo americano tem fechado com outros países podem ser mais penoso para o agronegócio brasileiro do que as próprias tarifas, uma vez que não se sabe o que está negociado nesses acordos.
O ex-embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa, também falou sobre esse risco. Na opinião dele, o setor precisa ficar atento e preocupado com os resultados disso. “Eu acho que esse acordo vai sair. […] E qual é o objetivo dos Estados Unidos? É reduzir o tremendo déficit comercial que eles têm com a China. A China vai comprar o que dos Estados Unidos? Não vai comprar produtos industriais, vai comprar produtos agrícolas. […] A primeira preocupação deve ser isso, a gente levar em conta que, se sair esse acordo, a soja brasileira vai ser a primeira afetada. Porque eles não vão comprar produtos industriais, vão aumentar a compra de produtos agrícolas americanos”, acrescentou.
Uma das linhas de frente em resposta ao tarifaço americano são os acordos com blocos econômicos ou países. No caso do Brasil, as conversas acontecem no âmbito do Mercosul. A secretária de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiana Prazeres, deu um panorama sobre as expectativas relacionadas aos acordos entre Mercosul e outros pares globais. Ela ainda citou a intenção de iniciar as negociações Mercosul-Japão, além de avançar em acordos parciais com Indonésia e Vietnã.
