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Vice-presidente da Aciub participa de reunião da Cosag

No último dia 03 de outubro, o vice-presidente da Aciub, Sérgio Tannús, participou da reunião conjunta do Conselho do Agronegócio (Cosag) e do Conselho de Comércio Exterior (Coscex), da Fiesp. Tannús representa a Associação junto à Cosag e participa regularmente dos encontros. Na última reunião, o evento contou com a participação de Alexandre Parola, chefe da representação permanente do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), de Marcos Galvão, embaixador brasileiro no país asiático e de Pedro Miguel da Costa e Silva, chefe da missão do Brasil junto à União Europeia.

Parola analisou a competição entre China e os Estados Unidos e o embate entre as duas potências na OMC. “Pela primeira vez desde 1945, o poder americano foi colocado em questão”, observou. “A disputa com a União Soviética era pela alma do Ocidente, isto é, por mais que houvesse um conflito, a União Soviética não tinha níveis de competitividade e integração econômica que ameaçassem os EUA. A China, por outro lado, está mais integrada ao Ocidente e ao capitalismo global, o que torna a disputa hegemônica mais acirrada”, disse ele.

De acordo com Parola, se antes os Estados Unidos buscavam frear a economia chinesa na forma de bloqueios e ameaças à sua retirada do sistema, atualmente o país lança mão de maior engajamento na OMC como nova abordagem. “Na disputa de hoje, vemos os EUA se empenhando para reformar a OMC à luz de seus interesses e manter sua capacidade de influência preponderante”, disse o diplomata. “Na contramão, a China busca manter a mesma capacidade hegemônica, mas sem implementar reformas, enquanto outro grupo de países deseja rever um conjunto de regras do sistema”, acrescentou.

Parola defende que é necessário que naveguemos entre todos os cenários. “Para nós, é interessante um sistema multilateral que funcione. Tendo em conta nosso perfil equilibrado, um mundo fragmentado não nos convém, a não ser que haja uma reorientação de mercados e cadeias, mas, ainda assim, regras são importantes pra gente.”

Ao avaliar o cenário atual, o embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão, advertiu que, diante de um contexto pós-pandêmico e de tensionamento global, acentuado pela preocupação com as seguranças nacional e alimentar, os países têm buscado cada vez mais autonomia estratégica. Ele usou como exemplo a China, que investe hoje US$ 11 bilhões ao ano em pesquisa e desenvolvimento e, há três anos, se comprometeu com a autonomia produtiva e o desenvolvimento tecnológico.

O diplomata chamou atenção também para a necessidade de o Brasil diversificar seus parceiros comerciais. Em 2021, a China sozinha respondeu por 31% do total das exportações brasileiras. “Foi impressionante a queda da União Europeia e dos Estados Unidos”, disse Galvão. As exportações para a União Europeia caíram de 29% para 20% e para os EUA de 24% para 11%. No caso do agronegócio, o salto foi ainda mais relevante. As exportações para o continente asiático pularam de 16% para 54%, e a China de 4% para 36%. Nesse caso, a queda para a União Europeia foi de 41% para 15%. Hoje, a China absorve dois terços das importações brasileiras para a Ásia, e compra 71% do que o Brasil exporta de soja.

“A maneira de diminuir a concentração de exportações para a China tem que vir do aumento de exportações para outros países e não da diminuição das exportações e importações para a China”, sugeriu o embaixador.

Para o chefe da Missão do Brasil junto à União Europeia, Pedro Miguel da Costa e Silva, o Brasil leva vantagem ao manter um perfil flexível, de quem está aberto a novas configurações e capacitado para integrar-se de maneira inteligente.

“Em cenários de crise, o Brasil sempre encontra grandes oportunidades de inserções”, afirmou Silva. “Estamos condenados a ser relevantes, temos uma capacidade de produção de comida impressionante e cerca de 13% de toda a água doce do mundo – ativo essencial pelos próximos 30 anos”, ressaltou o embaixador.

Segundo ele, o Brasil deve utilizar o sistema multilateral de comércio para atualizar as negociações com o bloco europeu. “Nosso desafio é montar uma nova agenda União Europeia – Brasil para ciência, tecnologia, energia e outros temas que possam gerar um novo tipo de relação com os europeus e recuperar a parceria estratégica que tínhamos em 2017”, provocou.

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