O consumo sustentável é uma prática que vem ganhando força no mercado consumidor nos últimos anos, e a tendência é que ela ganhe ainda mais popularidade , impulsionada por uma mudança de paradigmas sociais e pelo esforço da comunidade em controlar a crise climática.
Primeiramente, vale reforçar que quando falamos em consumir de forma sustentável, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, significa dar preferência a produtos que:
- Utilizam menos recursos naturais – como matérias primas e energia – na hora de sua fabricação;
- Vêm de cadeias produtivas que garantam que os resíduos sólidos gerados serão reaproveitados;
- Empreguem os trabalhadores em condições justas.
Além disso, também significa comprar aquilo que é realmente necessário, estendendo a vida útil dos produtos tanto quanto possível. Consumimos de maneira sustentável quando nossas escolhas de compra são conscientes, responsáveis, com a compreensão de que terão consequências ambientais e sociais – positivas ou negativas.
Empreendedor, porque ficar atento a essa tendência?
As empresas que quiserem prosperar com essas novas tendências sustentáveis ganhando força, precisam se adequar às novas orientações de reutilização dos recursos – uma base para a economia circular e livre de carbono . Aqueles que não se adequarem podem, inclusive, enfrentar efeitos negativos, por exemplo,perder clientes ou sofrer consequências legais em um futuro próximo.
Isso porque a pauta ambiental é uma obrigação diplomática do Brasil e deve começar a apresentar resultados positivos para as entidades competentes, afinal, o nosso país firmou compromissos ambientais no Acordo de Paris, em 2015, e agora é preciso honrá-los.
Como adotar práticas que vão de encontro ao consumo consciente?
Ciente de que o consumo consciente é uma tendência inegável, é preciso que os empreendedores pensem em práticas e estratégias que vão de encontro a esse consumo. Alguns pontos que devem ser observados pelos empresários na produção de seus produtos e serviços, são a redução na geração de resíduos, da poluição, do desmatamento e do consumo de água. Para isso, algumas boas práticas são:
- Implantar uma cadeia de reaproveitamento de resíduos, como parte da transição para uma produção circular;
- Participar ou patrocinar ações de reflorestamento e conscientização sobre a situação do desmatamento no Brasil;
- Implantar reservatórios para utilizar a água mais de uma vez dentro da empresa (como para lavar as mãos e depois para a descarga do vaso sanitário, por exemplo);
- Pensar sobre as embalagens de seus produtos e como diminuir a dependência do uso de plástico.
Como a tendência das economias capitalistas é o crescimento produtivo, o que se pauta é a otimização da utilização dos recursos e a reutilização dos mesmos na produção de diferentes produtos, já que diminuir a produção não é uma opção em um mundo com necessidades e população crescentes. Esse é o chamado “capitalismo consciente” ou “capitalismo verde”.
Essa tendência é resultado da necessidade crescente de se preocupar com os danos ambientais que têm sido observados pela comunidade científica internacional. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o mundo já perdeu, na última década, uma área superior a dois Estados de São Paulo em florestas. E a poluição atmosférica já causa mais de dois milhões de mortes anualmente, de acordo com um estudo publicado pela Enviromental Research Letters. Por isso, as preocupações ambientais surgem como uma tentativa de frear esses dados.
Isso acarretou no ambientalismo social da década de 1970, na ambientalização do setor público da década de 1980 e na emergência da preocupação empresarial da década de 1990 sobre o impacto que os estilos de vida e hábitos de consumo têm sobre o meio ambiente. Mas mudar efetivamente as cadeias produtivas nas empresas e indústrias ainda é um trabalho em curso que apresenta muitos desafios, afinal, o atual sistema linear está na raiz do desperdício de recursos, degradação de ecossistemas, poluição do ar, solo, lençol freático, rios e mares, pois não parte de um consumo consciente.
Visando impulsionar a implementação de modelos produtivos sustentáveis é que surge o AL-INVEST Verde, um projeto financiado pela União Europeia que tem como objetivo promover o crescimento sustentável e a criação de empregos no Brasil e em mais 17 países da América Latina. A iniciativa visa apoiar as micro e pequenas empresas latino-americanas na transição para uma economia circular, eficiente em termos de recursos, com baixa emissão de carbono e baseada em inovação e digitalização. A Aciub executa um dos dois projetos brasileiros aprovados para compor a chamada do programa AL-INVEST Verde. O projeto, intitulado Economia Circular no Triângulo, visa promover a produção, o consumo e a gestão integrada de resíduos sólidos ambientalmente responsáveis e com base nos princípios da economia circular. Ao longo de sua execução, o programa irá fornecer capacitações, assistências técnicas, atividades de promoção comercial, networking e outras ações para contribuir com a produtividade e a competitividade das MPEs na região.