Ações que promovam cuidados com o meio ambiente são uma realidade iminente para negócios e instituições. Uma das boas práticas neste sentido é a adaptação das cadeias produtivas para o reaproveitamento de recursos, visando minimizar o descarte na natureza. Por isso, a logística reversa é um processo que não pode faltar nas empresas, principalmente as que geram resíduos sólidos. Para falar sobre esse processo tão importante, a Aciub recebeu na noite da última terça-feira (23/5) a especialista ambiental Michelle Wilmers, da Eureciclo, para comandar a palestra “Logística Reversa descomplicada para micro e pequena empresa”.
Michelle começou o bate-papo com os participantes apresentando dados sobre a geração de resíduos a nível mundial. De acordo com ela, anualmente são produzidas 2,5 bilhões de toneladas de resíduos sólidos, onde cerca de 11 milhões de toneladas de plástico acabam no oceano – o equivalente a 55 mil baleias azuis. Sobre o Brasil, Michelle destacou que o país ocupa o quarto lugar no ranking de maiores geradores de lixo plástico, com 11,3 milhões de toneladas anuais, das quais apenas 1,3% são recicladas.
Agora, se considerarmos os resíduos de forma geral, os números são ainda maiores: o Brasil gera cerca de 82 milhões de toneladas todos os anos. Os dados são alarmantes, mas durante o encontro na Aciub, Michelle destacou que existem soluções para minimizar o impacto destes resíduos no meio ambiente. Por exemplo: estimativas mostram que seria possível reciclar cerca de 30% desse total, o equivalente a 24,7 milhões de toneladas.
Logística Reversa no Brasil: entenda o cenário
Segundo Michelle, alguns dos problemas que dificultam a eficiência da Logística Reversa – e consequentemente da reciclagem – no Brasil estão ligados à vasta extensão territorial de nosso país. “Além disso, falta incentivo que auxilie os trabalhadores da reciclagem a realizar suas atividades de forma digna, economicamente rentável, e livre de estereótipos sociais. Atualmente, cerca de 80% dos resíduos gerados passam pelas mãos de um dos 800 mil catadores brasileiros”, compartilhou ela.
Para tentar mudar essa realidade, entra em cena a compensação ambiental, que visa garantir que a produção de resíduos seja acompanhada de atividades de reciclagem na mesma escala. A Política Nacional de Resíduos sólidos, um decreto de 2010, estabelece o conceito de Senso de Responsabilidade Compartilhada, ou seja, todas as empresas que participam do ciclo de vida de um produto comercializado em embalagem – seja na produção, importação, distribuição ou comercialização – tem como responsabilidade garantir que pelo menos 22% do total de embalagens produzidas sejam destinadas à reciclagem. Esse é um grande pilar da logística reversa!
É aí que empresas como a Eureciclo atuam, oferecendo uma solução em que as empresas destinam recursos para a cadeia de reciclagem a fim de mitigar o impacto ambiental de suas embalagens pós-consumo e recebem em troca Certificados de Reciclagem. Ou seja, a empresa paga por uma central de reciclagem que presta o serviço de captação e reciclagem que ela precisava para se regularizar.
A legislação brasileira vem mudando para se adequar às exigências internacionais por ações que contemplem a pauta ambiental. Por isso, no ano passado, foi estabelecido o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), que visa proporcionar um norte à política que já foi estabelecida há mais de 10 anos. Ações como o Senso de Responsabilidade Compartilhada, citado acima, são apenas parte de um longo processo de reestruturação do ciclo produtivo que deve acontecer na busca do Brasil em alcançar as metas de redução do descarte e aumento da reciclagem, estabelecidas para o ano de 2040.
O evento, que aconteceu na última terça (23), foi uma realização da Aciub, em conjunto com a Eureciclo, que também é parceira da Associação. O encontro também contou com o apoio do Al-Invest Verde que é um projeto financiado pela União Europeia que tem como objetivo promover o crescimento sustentável e a criação de empregos no Brasil e em mais 17 países da América Latina. A iniciativa visa apoiar as micro e pequenas empresas latino-americanas na transição para uma economia circular, eficiente em termos de recursos, com baixa emissão de carbono e baseada em inovação e digitalização.